Convento do Monte Calvário

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Convento do Monte Calvário desde o pátio interior
O Convento do Calvário de Évora, assim é conhecido na cidade, tem como verdadeiro nome Convento de Santa Helena do Monte Calvário. Situado na Rua Cândido dos Reis (antiga Rua da Lagoa), junto à muralha da Cerca Nova, é um ótimo ponto de partida para uma interessante viagem em Évora.

São muitas as histórias sobre este edifício religioso de Évora que fica a uma distância relativamente curta do famoso Convento da Cartuxa, onde moram os “monges do silêncio”. No Convento do Monte Calvário já não moram freiras. Mas as paredes ainda estão cá.

Convento do Monte Calvário – a História

O convento foi fundado em 1570 pela Infanta D. Maria de Portugal, filha mais nova do rei D. Manuel I, e pertencia à casa religiosa da Ordem de Santa Clara. O Convento do Monte Calvário destinava-se a albergar as freiras de Santa Clara.

Esta foi uma das casas mais pobres da Ordem Franciscana existentes em Évora. As freiras do convento viveram desde sempre em grande pobreza, despojadas de tudo. Conserva-se ainda, até aos dias de hoje, o célebre Sino da Fome que as freiras tocavam em sinal de apelo aos habitantes, quando a fome apertava.

Durante alguns anos, viveu enclausurada no Convento do Monte Calvário D. Isabel Juliana de Sousa Coutinho (apelidada de Bichinho de Conta), por ordem do Marquês de Pombal porque se recusou a casar com o filho deste.

Com o passar dos séculos, o Convento do Monte Calvário foi sofrendo várias mudanças que, apesar dos estragos que causaram, permitem que ainda hoje se perceba a estrutura dos espaços conventuais originais. Conserva, portanto, praticamente intocada a sua arquitetura de origem. É caracterizado pelo seu aspeto pesado e rígido, bem visível na extensa fachada contrafortada.

Destacam-se a Igreja do Calvário, com apenas uma nave, e o claustro de dois pisos. A igreja apresenta uma planta retangular alongada e de linhas simples, com abóbada em caixotões geométricos e paredes reforçadas por pilastras forradas com azulejos do século XVIII. Os azulejos têm uma decoração naturalista ou avulsa. Na igreja podemos encontrar ainda um importante conjunto de pintura representando a Vida da Virgem Maria, de São Francisco de Assis e de São Domingos de Gusmão.

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Pormenor do pátio interior
O altar-mor do Convento do Monte Calvário tem um retábulo barroco de talha dourada, com um brasão de armas da Infanta D. Maria. Este retábulo substitui o retábulo quinhentista original, com pinturas representando cenas da Paixão de Cristo e de Santa Helena, que ainda existem.

O Claustro deste convento de Évora, de planta retangular, apresenta dois andares com arcarias e colunas dóricas. Foi pensado de acordo com o ideal de austeridade que predominava no convento e nas imposições do Consílio de Trento, privilegiando as linhas simples.

O refeitório é composto por duas naves separadas por colunas dóricas com símbolos da Ordem. Mostra um tríptico de pintura maneirista onde se pode ver representada a Última Ceia, S. Francisco e Santa Clara.

O convento acabou por encerrar devido à morte da última freira e também devido ao Decreto da Extinção das Ordens Monásticas, em 1889. Em 1910 passou para a posse do Estado, o qual permitiu que aqui fossem acolhidas mulheres sem votos para aprenderem a ler e a fazer vários trabalhos domésticos.

Mais tarde, o Convento do Monte Calvário de Évora funcionou como Lar de jovens em risco, dirigido por Religiosas da Congregação das Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade. Encerrou em 2007. Hoje em dia, funcionam aqui alguns serviços arquidiocesanos ligados ao Movimento dos Cursos de Cristandade e ao Corpo Nacional de Escutas.

Convento do Monte Calvário – a iguaria

Sabia que o famoso Pão de Rala, tão conhecido dos eborenses e da doçaria alentejana, teve origem neste convento? Pois assim é! Este maravilhoso doce está associado a uma lenda cuja personagem principal é D. Sebastião. Conta esta lenda que, estando na paz do convento, as freiras receberam a notícia daquela visita real. A Madre Abadessa foi lembrada por um valido real da necessidade de oferecer ao hóspede algum conforto real também.

No convento havia apenas uns «pães ralos», bem como azeitonas e água. Foi este o repasto do jovem. E bem apreciado que ele foi. Já em Lisboa, D. Sebastião despachou uma tença como agradecimento, em benefício do convento. As freiras retribuíram com esta maravilhosa iguaria, o Pão de Rala.

Venha até Évora, visite o Convento do Monte Calvário e prove o famoso Pão de Rala (assim como o maior número de pratos que conseguir da deliciosa gastronomia do Alentejo. Imagine o que terá sido a vida das mulheres que aqui viveram e aqui morreram, longe do mundo que as rodeava. Depois ver o convento, o caminho é sempre feito para a frente, para ver e sentir a história que brota de cada esquina e ruela de Évora.

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