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Visitar Elvas significa ser recebido pelo Aqueduto da Amoreira

Visitar Elvas, “Rainha da Fronteira” | O Alentejo Unesco perto de Espanha

Elvas, também apelidada de “Rainha da Fronteira”, é uma das pérolas escondidas na raia alentejana. Devido à sua posição estratégica junto à fronteira com Espanha, Elvas ficou marcada pela guerra. Essa história militar pode ser revisitada através de um passeio pelo riquíssimo património militar da cidade.

As suas fortificações, em conjunto com os Fortes de Santa Luzia e de Nossa Senhora da Graça, são consideradas das maiores e mais bem conservadas fortificações abaluartadas do mundo. Tal como o centro de Elvas, estão muito bem preservadas.

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Elvas desde o Forte da Graça

Há inúmeras razões para visitar Elvas, pois a sua importância não se resume ao património militar. É testemunho da sua relevância o riquíssimo património religioso composto por inúmeras igrejas, das quais se salienta a Igreja de Nossa Senhora da Assunção (que chegou a ser a Sé e que é uma das igrejas mais notáveis da cidade), vários conventos e o santuário do Senhor Jesus da Piedade.

Todavia, qualquer descrição da cidade ficaria incompleta sem referir o ex-libris de Elvas, o Aqueduto da Amoreira. Este é um dos mais importantes exemplos da arquitetura hidráulica em Portugal. Impossível de ignorar também é o Castelo de Elvas, que do alto de um monte, domina toda a cidade.

Não é de estranhar, portanto, que Elvas tenha sido classificada como Património da Humanidade pela UNESCO em Junho de 2012. Esta classificação abrange todo o centro histórico, as muralhas abaluartadas do séc. XVII, o Forte de Santa Luzia, o Forte da Graça, o Aqueduto da Amoreira e os três fortins: de São Pedro, de São Mamede e de São Domingos ou da Piedade. Évora e Elvas são as duas cidades do Alentejo consideradas património mundial pela UNESCO.

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O Forte da Graça é assim… fotogénico
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Portão do Forte da Graça, Elvas

Breve história de Elvas

Os Godos e os Celtas terão sido os primeiros povoadores desta autêntica “cidade-fortaleza”, que no primeiro século A.C. foi conquistada pelos Romanos. Em 714, os Árabes conquistaram-na e deram-lhe o nome Ialbax, deixando tantas marcas da sua presença que algumas ainda perduram até aos nossos dias.

No reinado de D. Afonso Henriques, mais precisamente em 1166, Elvas foi conquistada aos mouros pela primeira vez. Mas só foi integrada definitivamente em território português por D. Sancho II, em 1229, ano em que lhe concedeu foral. Teve um novo foral em 1513, concedido por D. Manuel I de Portugal, que marcou a elevação de Elvas à categoria de cidade.

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Brasão de Elvas

Considerada como a “Chave do Reino de Portugal”, Elvas defendeu a nacionalidade durante as Guerras Fernandinas no século XIV e foi fundamental durante a Guerra da Restauração (1640-1668). A 14 de janeiro de 1659, as suas linhas de muralhas e os fortes de Santa Luzia e da Graça tiveram um papel defensivo fulcral na Batalha das Linhas de Elvas, que marcou o desfecho da Guerra da Restauração.

O que visitar em Elvas

Dentro do centro histórico

Elvas foi a primeira cidade fronteiriça a tornar-se permanentemente fortificada após a Restauração da Independência (1640). A construção da fortaleza teve início em 1645 e foi inspirada em mestres holandeses.

A Praça de Elvas, dentro da qual fica todo o centro histórico, é composta por sete baluartes e quatro meios baluartes, que resultam na tão característica forma de estrela. O acesso à cidade é feito por três portas duplas e por várias poternas (portas secundárias dissimuladas nas muralhas) que surgem no meio dos fossos.

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Porta do Forte de Elvas

Aventure-se pelas ruas do centro histórico e desvende os seus tesouros – palacetes, casas históricas, igrejas, conventos e fontes, num desfilar de estilos arquitetónicos: do Românico ao Gótico, passando pelo Manuelino e terminando no esplendor do Barroco e do Rococó.

A Praça da República, que fica bem no centro de Elvas, é dominada pela Igreja de Nossa Senhora da Assunção (antiga Sé) e é onde se encontra o Posto de Turismo e a Casa da Cultura. Nesta praça existem várias esplanadas que permitem apreciar todo o conjunto arquitetónico circundante, enquanto repousa as pernas e se refresca (ou aquece) com uma bebida.

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Praça da República, o coração de Elvas

A Igreja de Nossa Senhora da Assunção, mandada construir por D. Manuel em 1517, tornou-se a Sé em 1570, título que manteve até à extinção do bispado em 1881. O interior da igreja é marcado pelo estilo manuelino dos tetos e das portas laterais e pelo barroco dos seus altares em mármore e do imponente órgão envolto em talha dourada. Ao lado da Catedral está a Casa do Cabido, que alberga o Museu de Arte Sacra de Elvas. É aqui que pode admirar uma vasta e valiosa coleção de peças de cariz religioso.

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Catedral de Elvas, Praça da República

O Posto de Turismo de Elvas ocupa um edifício do século XVI, onde sobressai uma imponente entrada em mármore. Ao lado fica a Casa da Cultura, cujo salão é atualmente utilizado para exposições. O magnífico edifício serviu de Paços do Concelho até meados do século XX. No exterior desta casa é de realçar a bela galeria quinhentista, que abre para a Praça da República, e uma janela manuelina oposta a essa galeria, que se vê a partir da rua da Cadeia.

Quando passar por esta rua, não deixe de subir à Torre Fernandina, que serviu como cadeia a partir de finais do século XV. Lá encontrará uma exposição permanente sobre as fortificações de Elvas e poderá desfrutar de uma bela paisagem a partir desta torre medieval.

Nas traseiras da antiga Sé de Elvas encontra a Igreja das Domínicas, que foi parte de um convento de freiras dominicanas, demolido no fim do século XIX. Esta igreja possui uma rara planta octogonal, frescos renascentistas, azulejos e talha dourada do século XVII.

Junto à Igreja das Domínicas, no Largo Primeiro de Dezembro está o Pelourinho. Este foi construído já no século XX, aproveitando as partes originais do antigo pelourinho do século XVI, que tinha sido destruído.

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Pelourinho de Elvas

A ligar o largo do pelourinho com o seguinte, encontramos o Arco do Dr. Santa Clara, uma intervenção deste importante erudito do século XIX sobre uma porta original da 1ª cintura Árabe. Depois da reconstrução foi chamada Porta do Tempre, em homenagem a um combate de cavaleiros da Ordem do Templo frente aos Mouros.

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Arco do Dr. Santa Clara ou Porta do Tempre

No largo da Alcáçova, a caminho do Castelo, pode admirar a Igreja de Santa Maria de Alcáçova, construída em 1230 no local da principal mesquita de Elvas. A construção desta igreja e as obras posteriores esconderam os vestígios árabes. Trata-se de uma igreja simples, de três naves abobadadas, destacando-se uma das capelas, que é completamente forrada a talha dourada do século XVII.

No ponto mais elevado da cidade situa-se o Castelo, que foi tomado aos Mouros e reedificado, tendo sido concluído em 1228. O Castelo de Elvas foi palco de vários acontecimentos importantes na história do país: desde tratados de paz, a trocas de princesas e casamentos reais.

Deixe-se inspirar pelas histórias da História de Portugal e desfrute da vista deslumbrante a partir do Castelo de Elvas. Por alguma razão se terá tornado no primeiro Monumento Nacional português, em 1906…

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Muralhas do Castelo de Elvas

Ainda no Centro Histórico não deixe de visitar mais algumas igrejas. A Igreja de S. Pedro é uma das mais antigas da cidade, conservando um belíssimo portal românico-gótico decorado. Por seu turno, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco distingue-se pela sua riqueza decorativa, característica do estilo barroco do século XVIII. Já a Igreja do Salvador pertenceu em tempos ao Colégio Jesuíta de Elvas.

Quanto à Igreja de São Domingos, a maior de Elvas, é um dos melhores exemplos de arquitetura gótica mendicante do sul do país. Nas suas traseiras está o antigo Convento de São Domingos, que fica dentro do Museu Militar de Elvas. Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, o convento começou a servir de quartel.

Em 2006 é extinto o último quartel e o espaço passa a alojar o Museu Militar de Elvas. Neste museu existem várias coleções de material militar, que vale a pena descobrir. No entanto, o destaque óbvio vai para alguns espaços que pertenceram ao antigo convento: o claustro, parte da cerca fernandina, os quartéis do casarão, a Fonte de São José e grande parte da muralha seiscentista.

Mas visitar Elvas não significa apenas descobrir o passado. Nesta cidade pode encontrar o Museu de Arte Contemporânea de Elvas (MACE), instalado no antigo Hospital da Misericórdia de Elvas, ele próprio um notável edifício barroco de meados do século XVIII. O MACE alberga a coleção António Cachola, uma coleção privada e exclusivamente nacional, com mais de trezentas obras que vão desde a década de 1980 até à atualidade. Atreva-se a explorar esta coleção interessantíssima.

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Aqueduto da Amoreira visto desde o topo do monte, Elvas

Não deixe igualmente de dar um pulinho ao Museu Municipal de Fotografia de João Carpinteiro para ver máquinas fotográficas e milhares de imagens. O espólio do colecionador está disponível para se visitar em Elvas num antigo cinema da cidade. O espaço possui também um laboratório de revelação, uma biblioteca especializada e um banco de imagens sobre Elvas e a sua história.

Fora do centro histórico

O Aqueduto da Amoreira é o grande cartão de visita para quem chega para visitar Elvas. Desde sempre a sua população suportou períodos de seca e teve problemas com o abastecimento de água, pelo que esta obra se revelou fundamental para o desenvolvimento da cidade.

Trata-se de um monumento gigantesco, com quase oito quilómetros, que se estende da nascente no local da Amoreira até à Fonte da Misericórdia, no centro de Elvas. Esta construção inclui galerias subterrâneas e um canal ao nível do terreno. No entanto, a sua face mais imponente é a arcada, sustentada por robustos contrafortes e que chega a atingir 31 metros de altura.

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Forte de Elvas e o Aqueduto da Amoreira

A sua construção teve início em 1537, mas devido a problemas técnicos e financeiros, arrastou-se até 1622. Não deixe de passear por este local durante o dia, ao entardecer e à noite. Só assim poderá apreciar melhor os cambiantes de luz nas arcadas.

O Forte de Nossa Senhora da Graça (ou de Lippe) é uma obra-prima da arquitetura militar e é considerada uma das mais poderosas fortalezas abaluartadas do mundo. O estratega militar Conde de Lippe planeou a sua construção num dos pontos mais altos da região, com o objetivo de defender a entrada norte da cidade de Elvas.

A fortificação foi concluída em 1792 e o seu corpo principal é constituído por quatro baluartes, uma cisterna subterrânea, uma capela, vários compartimentos radiais, o antigo Hospital Militar e a bela Casa do Governador (com os seus dois pisos e terraços).

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Entre pela lindíssima porta principal, chamada Porta do Dragão, e reserve algum tempo para deambular pelas várias estruturas que compõem o forte. Quando estiver no último terraço da casa do Governador, deixe-se encantar pela vista maravilhosa dos campos do Alentejo no território envolvente.

O Forte de Santa Luzia é uma impressionante fortificação seiscentista e um dos melhores e mais genuínos exemplos da arte de fortificar europeia. Foi concluído em 1648, tendo recebido o nome da ermida que ali existia. Este forte é composto por quarto baluartes, um fosso e um reduto retangular ao centro. Nesse reduto central encontram-se o antigo forno (hoje, a receção), os antigos quartéis, as casernas abobadadas (atualmente, Museu Militar), a cisterna, a Casa do Governador, e ainda outras estruturas.

O Forte de Santa Luzia esteve sempre envolvido em várias ações militares, nomeadamente a Guerra da Restauração, a Guerra da Sucessão de Espanha e as Invasões Francesas. Aconselhamo-lo a visitar o núcleo museológico no seu interior, onde poderá aprofundar toda a história militar da cidade, bem como explorar vários objetos, armamento e equipamentos de guerra característicos de várias épocas.

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Santuário do Senhor Jesus da Piedade, perto do local onde se realiza a maior feira de Elvas, a Feira de São Mateus

O Santuário do Senhor Jesus da Piedade é um excelente exemplar da arquitetura religiosa setecentista. Situa-se fora do centro histórico, junto ao atual Parque da Piedade, bem conhecido por ser o local onde se realiza todos os anos no mês de setembro a Feira de São Mateus.

A atual igreja do Senhor Jesus da Piedade foi construída no século XVIII, tendo substituído uma capela, que se tinha tornado um local de peregrinação conhecido em todo o Alentejo e no país vizinho, devido à crença nos poderes curativos do Senhor Jesus da Piedade.

Esta igreja apresenta características barrocas, misturadas com influências da Europa Central e do Brasil. No seu interior, aproveite para apreciar a capela-mor, os dois altares laterais em mármore e a sacristia, com as suas portas com almofadas entalhadas e douradas e revestimento de azulejo.

Por último, para ficar com a memória da descoberta de ainda mais recantos, não deixe de visitar Elvas “com outros olhos”. Passeie sem rumo pela cidade à noite. Não se irá arrepender! Pode é correr o risco de se apaixonar perdidamente por esta cidade deslumbrante e não querer ir embora nunca mais!

Tour Elvas | Visitar a cidade Património Mundial Unesco
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