Évora é Património Mundial Unesco desde 1986. A razão principal para esta distinção é o facto de Évora ser o melhor exemplo de uma cidade da época áurea de Portugal depois da destruição de Lisboa no terramoto de 1755.
Sempre que ando pelo centro histórico, apercebo-me de detalhes em que ainda não tinha reparado ao longo de quase quarenta anos a viver na cidade. Fique atento ao que está à sua volta, sem esquecer os pormenores. Assim, é fácil compreender a razão pela qual Évora é património mundial.
E, por falar em mundo, os visitantes do Brasil (ou quem já esteve em algumas regiões brasileiras) vão encontrar semelhanças óbvias entre a arquitetura de Évora e a de cidades como Salvador da Bahia. Um pouco do Alentejo na América do Sul.
Évora, cidade-museu património mundial Unesco
Considerada uma cidade-museu, Évora manteve até hoje o seu charme tradicional em todo o centro histórico, dentro das muralhas em estilo Vauban construídas no século XVII seguindo o desenho do engenheiro francês Nicolas de Langres.

Bem mais tarde, há vinte séculos atrás, os Celtas dominavam a região e, pensa-se, uma das suas tribos, os Eburones (de Eburos, a palavra celta para teixo, uma espécie de árvore), terão estado na origem do nome Évora.
Durante o importante domínio Romano, Évora veio a chamar-se Liberalitas Julia. É desta altura o monumento mais conhecido da cidade, o Templo Romano, construído num dos pontos mais altos de Évora.
Outros povos importantes na construção do património de Évora foram os Visigodos, que fizeram alterações à muralha defensiva, mas também os Mouros. Estes últimos também melhoraram as defesas, acrescentando portões fortificados e mesmo um kasbah.
Para além destes vestígios arquitetónicos, os Mouros marcam presença ainda hoje em alguns nomes de ruas da Mouraria, no centro histórico. Os nomes sobreviveram mesmo à reconquista Cristã.
Outra das marcas do passado que fazem de Évora património mundial Unesco é a Catedral, o mais conhecido edifício do período medieval. A sua construção foi iniciada em 1186 e terminada nos séculos XIII-XIV.

Estes edifícios, feitos de raíz ou por cima de antigas construções, têm em comum o bem português estilo Manuelino. Este mesmo estilo viria também a ser utilizado para outras construções já no século XVI: Palácio dos Condes de Basto; Igreja dos Cavaleiros de Calatrava; Conventos do Carmo, da Graça, de Santo Antão, de Santa Helena do Monte Calvário,…
Na verdade, o século XVI foi muito importante para Portugal e para Évora. O Aqueduto da Água da Prata foi construído em 1537 por Francisco de Arruda. Também surgiram muitas das fontes que ainda hoje existem, sendo a da Praça do Giraldo a mais conhecida. Para além disso, a nível intelectual e religioso, Évora passou a ter uma influência ainda maior no país.

Todos os monumentos e circunstâncias até agora referidos foram muito importantes para a classificação de Évora como património mundial pela Unesco. Mas não podemos esquecer também algumas belas casas patrícias importantes como a Casa Cordovil e a casa de Garcia de Resende.
No entanto, o que faz de Évora uma cidade verdadeiramente fascinante e invulgar é o conjunto de pequenas casas de todo o centro histórico, essencialmente construídas entre os séculos XVI e XVIII. Pintadas de branco (para refletir os quentes raios solares do Alentejo) e com coberturas de telhas vermelhas ou terraços, estas casas merecem um passeio demorado pelas estreitas ruas medievais.
É a percorrer demoradamente as ruas que se descobre a verdadeira Évora, em busca de detalhes de ferro ou azulejos, a andar a pé nas estreitas ruas de pedras irregulares, à sombra.
Não é só nas planícies… A tranquilidade do Alentejo também mora aqui.
