
Foi considerada Monumento Nacional em 1910 e, como outros monumentos, contribuiu certamente para a classificação Évora Património Mundial UNESCO.
As obras do Convento de Nossa Senhora da Graça tiveram início no ano de 1524. No entanto, sabe-se que em 1511 já existia neste local um convento pertencente à Ordem dos Eremitas Calçados de Santo Agostinho. Este novo edifício daria, mais tarde, abrigo àquela comunidade de frades. Os seus mecenas foram D. João III e o Bispo D. Afonso de Portugal, seu primo.
A Igreja da Graça é de granito local e os seus clássicos volumes arquitetónicos deixam perceber todos os elementos renascentistas. Tem uma planta longitudinal e irregular e no seu interior existe uma nave única, de quatro tramos. Destacam-se, na zona do altar-mor, as janelas em mármore de Estremoz.
O aspeto exterior é bastante interessante e original no que diz respeito à arquitetura portuguesa de então. O desenho ousado do claustro, a fachada e os relevos da capela-mor causaram grande impacto na época.
A frontaria de tipologia conventual perdura na portaria, no refeitório e no grande dormitório. As paredes que formam a escadaria que dá acesso aos dormitórios são forradas por painéis de azulejos barrocos, os mais antigos de 1681, os mais recentes, do tempo de D. João V.

O registo superior apresenta um frontão triangular que assenta em pilastras na continuação das inferiores e ao centro um janelão enquadrado por duas colunas jónicas adossadas. O frontão apresenta óculo, com dois anjos nas vertentes e cruz de pedra sobre uma base retangular no vértice.
Dos lados, podem ver-se quatro grandes figuras de granito, sentadas, segurando lanças de ferro: os atlantes. Estão apoiadas em quatro globos de fogo que representam “as quatro partes do mundo”, por onde os Portugueses passaram. Os atlantes destacam-se. Vai, de certeza, reparar neles.
É a essas figuras que os eborenses chamam “Os Meninos da Graça”. Aliás, se quiser perguntar direções para o edifício pergunte pela “Igreja dos Meninos da Graça”. As quatro esculturas, atribuídas por alguns a Nicolau de Chanterene, representam, de acordo com a tradição, os primeiros mártires da Inquisição em Évora.
O campanário da Igreja da Graça sobressai em toda a fachada conventual. Apresenta três olhais redondos e é rematado por um frontão triangular e ladeado por pedestais que no seu cimo têm esferas.

A Capela da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos da Cidade de Évora, em mármores matizados, que se encontrava no claustro da igreja, também foi transferida para a Igreja do Espírito Santo. Este estado de ruína já avançado acabaria por atingir maiores proporções em 1884, com o desmoronamento da abóbada da igreja. Perderam-se, assim, os belos painéis de azulejos que representavam cenas da vida de Santo Agostinho.
Só na segunda metade do século XX é que esta igreja viria a ser restaurada mantendo as linhas renascentistas que fazem dela uma das mais belas da cidade de Évora. Presentemente, a Igreja da Graça serve de Messe de Oficiais da guarnição de Évora, sendo a Igreja a Capelania da Região Militar Sul.
Não deixe Évora sem visitar esta bela igreja. Venha conhecer “Os Meninos da Graça” ao vivo. Tire fotografias!