A Judiaria de Évora foi uma das maiores, mais importantes e mais ricas judiarias do país, não fosse Évora a segunda cidade portuguesa desde a Idade Média.
A partir do século XIV em Portugal, os judeus foram obrigados a viver em bairros próprios, com o nome de “judiarias”. Deste modo, limitava-se a convivência entre cristãos e judeus. Também os direitos dos judeus eram limitados. E bastante.
A Judiaria de Évora desenvolvia-se perto da grande praça da cidade, a Praça do Giraldo. É provável que se situasse, apesar de existirem dúvidas sobre os seus verdadeiros limites, entre as Portas de Alconchel e as Portas do Raimundo, entre a Rua do Tinhoso, Rua dos Mercadores e Rua da Moeda, seguindo algumas transversais da Rua do Raimundo.

A herança judaica de Évora pode ver-se num amplo conjunto de portais ogivais góticos que pertenceram a casas de habitantes da comunidade, os quais se dedicavam ao comércio e a atividades artísticas e intelectuais.
Durante o século XV chegaram a existir duas sinagogas em Évora, bem como todos os serviços próprios de uma grande comunidade: escola, hospital, tribunal, templo, uma estalagem para banhos rituais (“mikve”), locais para leitura e interpretação da Bíblia e uma gafaria (leprosaria). A sinagoga representava o centro da vida comunitária judaica.

Foi também em Évora que se sediou uma das sete ouvidorias jurídicas (tribunais judaicos portugueses) e um dos tribunais da Inquisição em Portugal. Foi o Tribunal da Inquisição de Évora que processou mais casos de acusação por judaísmo, foi este tribunal também um dos mais sanguinários, logo depois do tribunal de Coimbra.
A Biblioteca de Évora ainda tem aos dias de hoje algumas raridades como o Almanaqch Perpetuum do sábio Abraão Zacuto (impresso em Leiria em 1496) e o Guia Náutico de Évora (1516). Estas obras contribuíram para o avanço científico que Portugal mantinha sobre a Europa.

A localização da antiga Judiaria de Évora é desconhecida para a maioria dos habitantes da cidade, tal como para os visitantes, nacionais ou de outras partes do mundo. Não há qualquer indicação da sua existência na Praça do Giraldo. Mas ela existiu, na forma das suas gentes e dos seus serviços e existe ainda na forma das suas vielas.
Estas ruas, que caracterizam uma boa parte da cidade de Évora ligada à Praça do Giraldo, apesar de um pouco esquecidas, continuam a manter a sua beleza. Quase labirínticas, e um pouco sombrias devido ao facto de serem estreitas, convidam o visitante a percorrê-las e a sentir na pele um pouco do passado.