O vinho alentejano, aliás, todos os vinhos maduros alentejanos excelentes que todos conhecemos, são apenas mais uma das grandes riquezas do Alentejo. Há mesmo apreciadores que dizem que este é, provavelmente, o melhor vinho do mundo. Nada melhor do que provar, especialmente se o puder acompanhar com a gastronomia do Alentejo. Ou com outras produções destas terras. Por exemplo, queijos e vinhos… Que casamento!
Dizem apreciadores e entendidos que o vinho alentejano (brancos, rosés ou tintos) são redondos, cheios, suaves mas com um forte aroma que convida a beber. A qualidade destes vinhos saboreia-se nos correntes, bebidos cedo, mas também nos envelhecidos vinhos de reserva.
Os vinhos brancos DOC distinguem-se por serem ligeiramente ácidos e pelo seu aroma a frutos tropicais. Já os vinhos tintos alentejanos são encorpados, ricos em taninos e com cheiro a frutos silvestres e vermelhos.

Seja qual for a sua escolha, para acompanhar peixe ou carne, é impossível escolher um mau vinho alentejano. Em qualquer restaurante ou tasca, a carta de vinhos é sempre longa, dificultando a escolha. Enquanto estiver a dormir em Évora, aproveite os momentos das refeições para conhecer vários. Ou, então, descontraia também a meio do dia num Wine Bar. A sede nunca soube tão bem!
Os vinhos do Alentejo e a sua produção
Com o investimento no setor vitivinícola, os vinhos maduros alentejanos têm vindo a estar, cada vez mais, entre os melhores do país e a conseguir reconhecimento internacional.
O Alentejo situa-se no sul de Portugal, onde o elevado número de dias de sol e a temperatura permitem a perfeita maturação das uvas. O clima é marcadamente mediterrânico, ainda que com zonas de microclima continental. As temperaturas médias durante o ano rondam os 16ºC mas existem grandes amplitudes térmicas, com invernos frios e verões bastante quentes e secos. A precipitação média varia entre 500 e 800mm.
Apesar do Alentejo ser essencialmente plano, a região de Portalegre é mais irregular, sofrendo influência da Serra de São Mamede. Quanto aos solos, pouco férteis, apresentam características bastante diferentes.
- Graníticos – Portalegre
- Derivados de calcários cristalinos – Borba
- Mediterrânicos pardos e vermelhos – Évora, Granja/Amareleja, Moura
- Xistosos – Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vidigueira
A Denominação de Origem Controlada (DOC) “Alentejo” inclui as 8 sub-regiões da lista acima. Os diversos produtores de vinho alentejano plantam imensas castas distintas mas as mais importantes são, no caso das castas brancas, a Roupeiro, Antão Vaz e Arinto. Relativamente às castas tintas, destacam-se Trincadeira, Aragonez, Castelão e Alicante Bouschet.
Mas a produção de vinho no Alentejo não se limita à prevista na legislação DOC, relativa a sub-regiões e castas específicas. Há produtores que optam por fazer fabuloso vinho regional, que já permite castas como Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah ou Chardonnay. Viva a diversidade.

História do vinho alentejano
Foi quando os Romanos estiveram em Portugal que os produtores de vinho do Alentejo nasceram verdadeiramente. É deste tempo a criação de ferramentas como o podão e a utilização das talhas de barro para permitir a fermentação do mosto e armazenar o vinho.
Quando o cristianismo acabou por se propagar pelo império romano, a necessidade do vinho para celebrar a eucaristia ajudou a estimular o cultivo da videira e a produção do vinho alentejano. Já durante a ocupação do Alentejo pelo mouros, com a proibição das bebidas alcoólicas por parte da religião muçulmana, os produtores de vinho do Alentejo estiveram em apuros.
Bem mais tarde, houve outros altos e baixos consoante os acontecimentos históricos. No século XVII, deu-se mais importância aos vinhos do Douro na estratégia de colocar Portugal no mapa dos países com o melhor vinho do mundo.
Mas a excelente qualidade das produções do Alentejo trouxe outro período de entusiasmo. No século XIX, já houve vinho alentejano premiado, com um branco da Vidigueira, da Quinta das Relíquias, a ganhar a grande medalha de honra na Exposição de Berlim de 1888. Neste mesmo evento, foram também distinguidos vinhos de Évora, Borba, Redondo e Reguengos de Monsaraz.
Em 1895, foi feita a primeira Adega Social de Portugal, em Viana do Alentejo. Mas, apenas duas décadas mais tarde, houve outro início de declínio que diminui substancialmente o número de produtores de vinho do Alentejo. Para este período negro contribuíram uma praga de filoxera, as duas guerras mundiais, as sucessivas crises económicas e a decisão do Estado Novo de ditar o cultivo das terras com cereais para que o Alentejo pudesse ser o “Celeiro de Portugal”.
O cultivo da vinha foi tão reduzido que o vinho passou a existir apenas enquanto produção doméstica, para consumo próprio. A viticultura alentejana só viria a ter alguma recuperação com a Junta Nacional do Vinho, no final dos anos 40 do século XX.
Determinantes para a recuperação da produção dos vinhos maduros alentejanos foram, sem dúvida, os movimentos associativos das cooperativas do Alentejo. A partir do final da década de 70, deu-se o início da criação de várias instituições com o objetivo de melhorar ainda mais a qualidade da produção e promover a cultura da vinha pelos diferentes solos da região.
Em 1988, as primeiras denominações de origem alentejanas foram regulamentadas e, um ano mais tarde, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) surgiu para certificar e regulamentar os vinhos do Alentejo.
A força que o vinho alentejano tem hoje em dia é graças à tradição mas também à modernização dos métodos e da tecnologia envolvidos na produção. Para isso contribuíram a ajuda financeira da União Europeia e, igualmente, as adegas cooperativas, exemplo claro do espírito de entreajuda bem alentejano.
Enoturismo no Alentejo
As muitas adegas/vinícolas que pode encontrar na região são ideais para fazer provas de vinho alentejano. Com a ajuda de pessoas conhecedoras irá ficar a saber ainda mais sobre os vinhos que cá se produzem. Receba conselhos para melhor os apreciar e descubra o enoturismo no Alentejo.

Depois de fazer as suas degustações será mais fácil escolher um bom vinho quando experimentar também a gastronomia do Alentejo, num restaurante. O prazer da refeição começa logo com a leitura da ementa e da carta de vinhos.
Não é por acaso que os vinhos alentejanos dominam o top 10 dos brancos, assim como dos tintos, em Portugal. Consecutivamente ganham prémios para os melhores vinhos nacionais. O Alentejo é a região líder do mercado nacional de vinhos, mais de 40% na quota de mercado em volume e valores semelhantes para a quota em termos de valor.
A única forma de comprovar os factos sobre os quais leu nesta página é provando não um, mas uma seleção de vinhos alentejanos. Visite uma adega. Também se conhece o Alentejo pelo que cá se come e bebe. Boas refeições.